Inquérito está sendo apurado há mais de dois anos, mas até agora nada foi comprovado. Afinal, estão buscando ‘fatos novos’ ou tirá-lo da disputa?
Pré-candidato a governador do Maranhão nas eleições deste ano, o deputado federal Josimar (PL), pode estar sendo vítima do ‘operacionismo’, a variante espetaculosa e instrumental das iniciativas que combatem a corrupção na administração pública.
Alguns pontos questionáveis contribuem para isso. O primeiro deles é que a “abusiva” operação de busca e apreensão ocorreu em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de um ano pela Polícia Federal.
Curioso, por exemplo, é que em release divulgado na imprensa, a PF diz ter ido buscar ‘documentos’. Ora, se não houve operação e apenas busca de documentos, o que motivou essa espetacularização?
Desde 2020, a Policia Federal investiga, sem teatro, o deputado federal. No entanto, o que causa dúvida é exatamente o tempo de investigação. Afinal, por quais motivos, em mais de dois anos de investigação, a PF ainda não concluiu o inquérito?
A sensação é que os agentes envolvidos na operação não encontraram nada concreto capaz de incriminar o deputado e, por isso, resolveram convencer a justiça a voltar nos mesmos endereços em buscas de fatos novos.
O ‘operacionismo’ é a doença senil do combate à corrupção que vem contaminando o processo penal. Essa triste situação ganhou escopo no Brasil nos últimos anos, desde os tempos de força-tarefa e protagonismo do Judiciário e seus operadores.
Serviço bem feito não precisa de coreografia. Num ano de eleições, será forte a tentação para instrumentalizar ações policiais. No entanto, além de viciar a boa causa, elas podem afetar a imagem e credibilidade de uma das instituições de maior respeito no país, que é a Policia Federal.
Outras curiosidades
Outro ponto interessante é que a ‘busca de documentos’ da PF tratada pela mídia como ‘operação’, ocorre justamente perto do fim da janela partidária, fazendo Josimar sofrer mais um ataque.
Além disso, também causou curiosidade o fato da ‘operação’ ocorrer dias depois da divulgação de pesquisas eleitorais mostrando o deputado pontuando junto à preferência do eleitorado maranhense.
Para tentar desviar o foco, o release cita que as buscas ocorreram em endereços de três ‘investigados’, mas o alvo do ataque foi apenas Josimar, pois foi o único a ganhar destaque e ter sua foto estampada nas páginas dos veículos de imprensa.
Pergunta não ofende: o que motivou o uso da PF em mais uma ‘operação’ de um inquérito que está sendo apurado há mais de dois anos e até agora nada foi comprovado? Estão buscando ‘fatos novos’ ou tirá-lo da disputa?